terça-feira, 13 de novembro de 2012

A primeira vez a gente nunca esquece


Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece. Dizem. Eu poderia ter esquecido, por ter tido tantas outras primeiras vezes com tantos outros caras, mas a minha primeira vez, a primeira vez da vida, essa eu jamais esquecerei.
Eu tinha dezessete anos. Eu gosto de ter sido nessa idadezinha que já foi tanto cantada e tanto escrita, que eu sempre vi nos filmes americanos: idade do famoso baile de formatura em que você perde sua virgindade pra entrar na universidade.
Poderia ter sido antes, porque eu tive duas oportunidades de fato. A primeira com quinze, em que eu já estava nua na cama, o cara com camisinha, lembro-me bem que era de morango, e a visita chegou.  E aos dezesseis, quando desisti porque estava extremamente tensa e sentindo dor.  Ambos os meninos nunca mais olharam pra mim, ou eu pra eles.
Quando eu digo a primeira vez estou falando sobre penetração, porque antes disso eu já tinha batido umas punhetas pra um amigo, que se dizia meu mentor sexual, e tentei chupar, aos quatorze, um ex-namorado que não deixou.
Enfim, eu tinha dezessete e milhares de fantasias para colocar em dia. Aquelas coisas bem bobas de menina que lê revistas adolescentes ou aquelas coisas bem safadas que as amigas mais velhas já tinham contado. Sabe aquele clichê sobre estar “pronta”? Eu estava. Falta arrumar quem, o que não demorou pra acontecer.
Lembro, como se fosse hoje, que eu estava sentada no pátio do colégio lendo um livro no intervalo, quando passou um cara, que até então eu não sabia que era professor da escola, e eu pensei: é ele. Acho que todo o mundo já teve algum tipo de tara para com seus professores, e comigo não era diferente.
Cheguei em casa e fui procura-lo na internet. Parecia que era o diabo atentando, porque tão logo o encontrei em uma rede social, escrevi um recadinho sutil, do tipo “oi, professor!”, e obtive resposta. Passamos a conversar por internet, depois pessoalmente.
Dizia ele que já tinha desejado pelos corredores da escola aquela menininha de cabelo curto vermelho e de andar saltitante, mas que a ética profissional não o permitira. Eu ficava cada vez mais interessada justamente por isso, por ele ser mais velho, ter namorada e o desafio parecer maior. Era ele e ponto final. Eu o queria e fiz exatamente o necessário para isso.
Em nossos encontros, que eu procurava ir com roupas provocantes, conversávamos sobre várias coisas. E eu sempre me saí muito bem nisso. Mas eu precisava chegar ao ponto. Engraçado como é difícil falar sobre virgindade. Naquela época foi. Ainda mais para ele, que não era namorado, nem nada. Eu dizia que tinha um segredo e que queria ajuda. Ele sabia exatamente do que eu estava falando e acabou cedendo, quando propôs a ajudar.
Estava tudo marcado. No dia do aniversário da minha mãe – olha que presentão! – eu iria transar pela primeira vez na minha vida. Para todos os efeitos, eu estava indo à pizzaria com amigos. Um deles, inclusive, foi me buscar em casa e depois levar, para não levantar suspeitas.
Chato mesmo foi ele não ter proposto um motel, iríamos para a casa de um amigo dele. Sorte minha, ou azar, é que o rapaz não estava em casa para abrir a porta para nós. Acredito que meio contrariado, me levou para casa dele, onde morava com a família. Tive que entrar passo por passo, escondida, o que misturado com o receio que eu estava sentindo dava certo tesão.
Já no quarto dele, começamos a nos pegar. Eu estava muito ansiosa, tanto quanto ele, que tremia. Eu lembro até hoje disso e do conjunto que eu usava. Diferente de hoje, eu estava com uma calcinha grande, que era branca de bolinhas pretas, completamente molhada. Eu queria muito dar pra ele, mas estava bastante insegura por não saber ao certo o que fazer. Havia visto e lido algumas coisas na internet, mas nada como estar nua em frente a uma pessoa de pau duro para você perceber que não sabe nada.
Pau mesmo, de verdade, eu tinha visto uns 5, e os da internet agora pareciam não fazer sentido naquele momento. Ainda mais assim, olhando um de tão perto. Era o maior e mais grosso em relação aos que eu já havia tocado. E no meio dos amassos, ele disse: “chupe meu pau!”. Eu hesitei por um momento, sempre disse pras minhas amigas que jamais chuparia um pinto, e quando vi já tinha caído de boca. E gostei. Ai, como eu gostei... Naquele momento, não sabia se estava fazendo certo, mas ele sutilmente dava algumas instruções, enquanto enfiava o pau todinho na minha boca. Senti ânsia algumas vezes, pela profundidade, mas depois fui acostumando e o chupei até ele dizer “agora é minha vez”.
Nunca ninguém tinha me chupado e que sensação ambígua! Era bom, muito bom, e ao mesmo tempo esquisito porque aquilo tudo era uma grande novidade. E eu tentava abrir as pernas. Quando eu lembrava que precisava relaxar, eu as abria, mas, quando dava por mim, elas já estavam novamente se fechando. Ele me chupou por alguns minutos e decidiu penetrar, mas esse problema das pernas fechando-se a todo instante atrapalharam e, segundo ele, eu precisava de uma bebida para ficar mais calma.
Nos vestimos, fomos ao mercado, compramos dois vinhos baratos pra eu conseguir abrir as pernas. E novamente eu o chupei, dessa vez sem ele pedir e sem precisar dar as coordenadas. Eu estava mais tranquila, talvez não o suficiente, mas tentava demonstrar calma. Depois de me chupar novamente, agora com menor estranhamento da minha parte e maior deleite, ele subiu em cima de mim e tentou enfiar seu pau, sem camisinha, na minha boceta. Não hesitei, pedi na hora para que ele usasse preservativo, que ao ser colocado perdeu seu conteúdo, que amoleceu. E não teve amasso, punheta ou boquete que levantasse o pau encapado.
Vendo que não subiria com a camisinha, ele a tirou e começou a masturbar-se. Sem dizer nada, me deitou e penetrou. Eu sinto como se estivesse entrando agora na minha boceta molhada, apertadinha e quente. E enquanto eu ainda avaliava se estava doendo ou não, ele saiu de cima de mim. Tinha fobia de sangue e o pau estava mole outra vez.
Muito sem saber o que eu tinha que fazer, vesti minha roupa, liguei pro amigo que iria me buscar e sai zonza, mas leve, sem o peso que o tabu de ser virgem tem.
Ao entrar no carro desse meu amigo, que pediu detalhes, fui entender, quando ele explicou rindo, que sexo não era só aquilo. Entendi melhor ainda nas próximas primeiras vezes que tive com outros caras. E essas primeiras vezes, bem melhores, muitas delas já esqueci.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Já fazia um bom tempo que a Marisa trabalhava como secretária do diretor daquela empresa. Tinha passado em segundo lugar no teste seletivo. Felizmente, a pessoa do primeiro lugar desistiu e ela pode assumir a vaga, que não era a de seus sonhos, mas que pagava bem.
Os dias ali no departamento eram todos iguais. Ela, enquanto secretária, praticava os mesmo ofícios diariamente. As pessoas eram sempre as mesmas, as conversinhas fiadas também. No cafezinho, os papos masculinos eram sempre os mesmos, geralmente em torno do futebol, e das mulheres, sempre sobre algum creme milagroso ou uma imperdível liquidação.
Na hora do intervalo, ou das escapadinhas para fumar, sempre conversava com o Thiago, que trabalhava no setor administrativo da empresa. Ele era bonitão, apesar dos cabelos longos, amarrados, que Marisa odiava, mas era sossegado demais. Sempre ouvia o Dr. Cláudio chamando a atenção do colega, por não cumprir em dia seus afazeres e não corresponder às expectativas do chefe. Não demorou muito e Marisa perdeu o colega de pitadas acompanhadas de café preto, sem açúcar.
Não deu bem duas semanas que Thiago havia sido demitido, o Dr. Cláudio pediu para Marisa ligar para o RH, solicitando novo funcionário para o preenchimento da vaga. Alguns testes depois o aprovado apareceu, tomando lugar na sala do setor administrativo.
Ricardo, o candidato aprovado, tinha uns 25 ou 26 anos e estava terminando a graduação. Alto, loiro, do cabelo crescido, dos olhos claros, entre o verde e o mel, e era, mesmo vestido com aquelas roupas formais de escritório, delicioso. Despertava desejos em Marisa, que depois da contratação do novo rapaz, passou a arrumar desculpas diárias para dirigir-se ao setor administrativo.
Nos intervalos, gastos todos em nicotina, que ficaram solitários quando da demissão do Thiago, passaram, aos poucos, a contar com a companhia do novo funcionário, que, sempre que sentia o cheiro da fumaça do cigarro, arrumava algum pretexto para ausentar-se de sua mesa e dirigir-se à colega de trabalho. Marisa era uma mulher bastante desejável.
Mesmo usando saias na altura dos joelhos, em decorrência do uniforme da empresa, era possível perceber suas coxas grossas e, pela marca do tecido da saia justa, dava pra ver que usava somente fio dental, o que deixava os demais companheiros do escritório excitados. Tinha cabelos longos e cacheados, sempre com cheiro de baunilha, odor característico do creme que costumava passar. Pela baixa estatura, sempre estava de sapatos de salto. De segunda à sexta-feira costumava usar saltos baixos para não ficar com as pernas tão cansadas após um dia de trabalho.
As primeiras conversas foram tímidas, coisas do trabalho apenas ou, pior, sobre o tempo. Mas é assim mesmo que ocorrem os primeiros contatos. Depois, os laços vão estreitando. Já se permitiam contar sobre as festas, trocar músicas de suas bandas favoritas e tomar um café juntos. E apesar de todos os esforços de Marisa, mostrando-se interessada para que, então, o rapaz tomasse a iniciativa, ela já estava cansada de esperar. Partiria logo para a cima do rapaz, assim, caso ele não estive interessado, poderia, brevemente, partir para outra.
No dia em que tomou essa decisão, saiu do trabalho às 18h, passou no supermercado e comprou algumas cervejas, depois, foi para casa, a fim de limpá-la para chamar o rapaz para tomar um drink lá, no dia seguinte, após o trabalho.
07:20h o relógio despertou. Era o horário que acordava todos os dias, pois já que morava perto da empresa, não precisava acordar tão cedo. Além disso, não perdia tempo escolhendo e provando roupas, já que o máximo que podia fazer era escolher entre o uniforme com o bordado do logo da empresa em azul ou o com vermelho.Deu um pulo da cama, direto pro chuveiro. Depois do banho, tomou um copo de iogurte, escovou os dentes e decidiu tirar um tempinho para fazer uma maquiagem mais elaborada, uma vez que decidira transar com o Ricardo naquele dia. Batom vermelho é o único detalhe verdadeiramente importante de ser frisado da maquiagem dela.
Chegando na empresa, fez o ritual de sempre: acendeu as luzes, ligou o computador e abriu as persianas e as janelas. Assim que chegou, Ricardo logo apareceu pra dar bom dia. Como Marisa era muito direta, nem se importou que ainda fossem 08:10h, e fez de uma vez o convite:
_ Vamos tomar uma cerveja lá em casa hoje, depois do trabalho?!
Apesar de hesitante, o rapaz respondeu que sim. Maravilha.
_ Lindo daquele jeito – pensou – só deve ser bom de cama.
A partir desse momento até o final do expediente, Marisa passou bastante distraída, na expectativa da transa daquela noite e, também, fumou diversos cigarros, devido a ansiedade.
Não fazia muito tempo que não transava. Devia fazer umas duas semanas, ou menos. Sempre preferiu não contar o tempo, para aproveitar mais a vida. De qualquer maneira, sem saber sobre o tempo, estava com muito tesão e queria muito meter. Quanto mais perto das 18h, maior era o frio na barriga e a excitação.
Ao término do expediente, Ricardo deixou Marisa em casa, disse que iria tomar um banho e que logo voltaria para a cerveja. Ele sabia exatamente o que iria acontecer, mas quanto voltou, uns 40 minutos depois, estava bastante tímido. No começo, não estava nada à vontade, mas depois de uma latinha, pareceu um pouco mais tranqüilo, apesar de ainda demonstrar tensão em suas expressões faciais.
Marisa já nem se preocupava mais com isso, sempre gostou de tomar as rédeas, e já estava acostumada com a insegurança dos rapazes. Era bastante recorrente.
Depois de algumas latinhas, bem poucas na verdade, já que o Ricardo estava dirigindo, ela o convidou para ir ao quarto dela. Até aquele momento, já haviam dado uns beijos, ainda no sofá da sala, mas a partir a porta do quarto a conversa é sempre mais séria.
Ele não deixou muito ela o tocar, jogou-a logo na cama, ergueu a saia dela, abaixou a calcinha preta e foi logo lambendo a boceta de Marisa. Foi um dos melhores, se não o melhor, sexo oral da vida dela! E o mais longo também! A língua dele tinha a rigidez certa e os movimentos alternados, juntos compunham um “linguete bom pra caralho!”, nas palavras dela. No entanto, o sexo oral não foi o suficiente para fazê-la gozar. Ela queria meter. Meter forte. Meter fundo. Então, interrompeu o Ricardo, a fim de chupar o pau dele que... que... que além de pequeno, muito pequeno, estava mole, completamente mole.
Ele deve ter observado a cara dela diante aquela cena e logo achou uma desculpa que lhe soou convincente:
_ É a primeira vez que traio minha namorada!
Marisa fingiu não ser com ela nada daquilo. Vestiu sua roupa, olhou educadamente para ele e pediu para que se retirasse, para daquele dia em diante ridicularizá-lo pelos corredores da empresa.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Fodeu!

"Fodeu!" - essa foi a primeira exclamação do dia. Estava absolutamente atrasada para o trabalho e, quando levantou, o cabelo, alisado no salão já há algum tempo, pedia urgente um banho. Só que não dava tempo. O sinal batia às 7:30, o colégio ficava há 5 quilômetros de sua casa e já eram 7:15. Pensou, então, que nunca mais iria beber em dia de semana. Pelo menos, não como na noite anterior. Nem ir dormir tão tarde. Depois, enquanto lavava minimante o rosto, escovava os dentes tentando tirar o gosto de ressaca da boca e dar um jeito no cabelo despenteado, prendendo-o, riu de si mesma quando lembrou da primeira afirmação do dia: "fodeu!" e gargalhou sozinha, em frente ao espelho.
A pele estava boa, o cabelo, como já disse, nem tanto, mas o sorriso, apesar do atraso e de uma possível chamada de atenção do diretor, estava ótimo. Era resultado da noite anterior.
Quando terminou a arrumação frente ao espelho, pegou a mala, com as coisas da escola - livros didáticos e de chamada, principalmente - e uma Club Social, sabor pizza, e dirigiu-se até o carro. No relógio já eram 7:25, mas a protagonista da história, desmemoriada como era, havia esquecido o jaleco dentro de casa. Saltou do carro e foi correndo buscá-lo. O jaleco, que sempre estava pendurado na cadeira da cozinha, era imprescindível à professora, que sempre usava roupas muito justas. O jaleco era proporcionalmente mais importante de acordo com a faixa etária dos alunos: quanto mais velhos, e libidinosos, eram os alunos, mais indispensável era o uso deste.
Dirigindo até a escola, tentou comer a bolacha, mas seu estômago não estava ainda muito bem recuperado. Achou melhor não forçar. 
No trajeto, o de sempre: alguns alunos pelas ruas, caminhando até a escola, a favela de papelão - como um ex-namorado costumava chamar -, as casas humildes, diversos cães na rua e uma cerração típica da cidade, logo cedo.
Quando chegou à escola, os alunos já estavam formando filas e sendo obrigados a rezar. Sempre foi a favor da laicidade da escola, mas para não criar atrito com o diretor e equipe pedagógica, achou melhor não contrariar, uma vez que fazia pouco mais de dois anos que ministrava aulas ali.
Era um colégio pequeno pobre, situado na periferia da cidade, e contava, na época, com pouco mais de 500 alunos. Mesmo assim, as turmas, que eram poucas, eram lotadas. Cerca de 40 ou 45 alunos por sala. Enquanto era aluna, nunca havia acreditado quando os professores diziam que em dias de chuva os alunos ficavam alvoroçados. Nunca tinha acreditado até tornar-se professora, após concluir o curso de licenciatura.
O que mais a deixava triste ali na escola não era necessariamente o comportamento dos alunos em sala de aula. Eles sim tinham necessidade de aprender, ainda mais História, para mudar a realidade social. E dava muita vontade em ensiná-los. O que a deixava desapontada era a utilização de drogas nos arredores da escola, por alunos, ex-alunos e pessoas da comunidade. Infelizmente, ver uns garotos reunidos na esquina, fumando alguma droga, não era uma visão esporádica, não. O bairro era, por muitos, considerado um dos mais violentos da cidade, o que influenciava diretamente no desempenho dos alunos.
Naquele dia, apesar de sempre se esforçar para dar uma boa aula, leu apenas o livro didático com os alunos, que estranharam a indisposição da professora, que sempre falava alto e gesticulava. Para quem nunca dava aula sentada, passar o dia todo sobre a cadeira foi, realmente, reconfortante. Suas pernas doíam, os músculos da bunda também. Nada melhor como ficar sentada, sem o mínimo esforço físico.
Depois de 05 aulas, durante a manhã daquela quinta-feira, foi almoçar.
Não tinha um restaurante certo para ir. Todo o dia almoçava em algum e a escolha do cardápio dependia diretamente do dinheiro na carteira, que nunca era muito. O PF de R$3,50 era o mais requisitado, em grande parte das vezes. Só no comecinho do mês, quando, no quinto dia útil, recebia é que almoçava uns dois ou três dias no seu restaurante favorito, que servia comida mineira.
No almoço, nada de novo. Almoçava sozinha todos os dias, exceto quando algum conhecido a abordava. Mas, pra falar a verdade, preferia mesmo era comer sozinha, com o fone de ouvido, e pensando. 
Desde da noite anterior, essa era a primeira vez que tinha um tempinho para relembrar do ocorrido. Quando se viu pensando no que havia passado, fez uma cara sacana em pleno restaurante. Tentou disfarçar com uma colherada de macarrão ao alho e óleo. Se iria pensar nos acontecimentos da noite anterior era melhor que não fizesse cara alguma, até porque alguns alunos da escola, não necessariamente dela, estavam sentados próximos, a observando.
Fazia algum tempo que ela o observava. Algum tempo, do tipo 04 anos. Mas era aquela coisa despretensiosa do coleguismo da escola de inglês. Ela nunca se manifestou, como mesmo costumava dizer "não estava na cadeia alimentar dele" e deixou passar. E o curso de inglês acabou. Depois disso, nunca mais soube sobre ele, além do fato de que havia se casado com um garota alguns anos mais nova que ela. A vida dela também mudou. Conheceu o garoto que dizia que para chegar onde ela trabalhava era preciso passar pela "favela de papelão" - que ele, na verdade, conhecia bem -, mas o relacionamento não foi muito promissor. Sofreu um tempo por amor. Sempre sofria e fazia sofrer por amor, era normal. Enfim, depois de daquele tempo todo ela se surpreendeu quando ele fez uma "solicitação de amizade" no facebook. E mais ainda quando, ao ler o perfil do rapaz, deparou-se com o status "solteiro". 
Ela, que já havia gostado bastante desse negócio de internet, agora não apreciava tanto, mas sabia que a rede era um grande auxiliar, desde que com o devido cuidado, para encontrar pessoas quando se está solteiro. Adicionou na hora. "Vai que... né?!"
Depois de um tempo, que eu não sei precisar, eles se falaram. Conversas aleatórias, até o convite para jantar:
- Onde posso te encontrar?!
- Onde você mora? Eu passo te buscar.
"Oh meu deus!! Se ele vem me buscar aqui em casa é porque tem carro" e sorriu, pensando que este poderia ser o bom partido que ela tanto procurava.
Passado o endereço e combinado o horário, era hora de ir se arrumar. Na verdade, não se arrumou muito, para soar despretensiosa. 
Quando ele chegou, ligou no celular dela (ah, eu havia esquecido de dizer que ele pediu o telefone dela!) avisando que já estava lá em baixo  - ela mora no primeiro andar de um apartamento - esperando.
O que é importante falar é que essa saída não foi a noite anterior, já foi há algum tempo, mais ou menos umas duas semanas. Não que ela não fosse dar no primeiro encontro, mas é porque se insinuava até certo ponto e esperava a iniciativa do rapaz, que, nesse momento, não veio.
Nessa primeira saída - onde ela, depois de tanto tempo sem o ver, achou que ele ganhou uns quilinhos - conversaram sobre os rumos que a vida tinha tomado: faculdade, planos e namoros, essas coisas, acompanhados de uma excelente porção de mignon ao molho madeira e a alguns canecos de cerveja.
Para quem iria trabalhar no dia seguinte já estava tarde. Era aproximadamente uma da manhã quando ele a convidou para irem embora. Então, ela começou a cogitar as possibilidades: "Se eu for pra casa dele, amanhã eu to fodida. Se eu não for, eu não tô. Simples assim. Quer saber? Eu quero foder!"
O que ela não contava era com a possibilidade de ele simplesmente a levar para casa e despedir-se, com um simples beijo no rosto.
Ficou desapontada. Eram raros, bem raros, os casos em que levava um fora. Sim, porque na cabeça dela foi um fora. Ela queria transar com ele, deu a entender e ele não tomou iniciativa. "Besta ele não é! Só não queria me comer". "Paciência!" E para levantar o seu astral, pensou ao deitar-se na cama: "Se ele não quer, tem quem queira" e caiu no sono profundo.
Alguns dias depois se falaram via internet e ele confessou ter ficado esperando o convite dela para subir “para conversar”. A partir daí começaram a se falar, até com certa freqüência, para combinar um dia, que ficasse bom para os dois, para sair “conversar”.
Foi na noite passada. Ele deu o endereço da casa dele, que ela, muito ruim geograficamente, não conseguiu encontrar. Ficou próximo a uma escolinha de Educação Infantil e ligou, pedindo para que ele a buscasse. Quando ele chegou até ali, apenas a olhou e acelerou o carro, que foi seguido pelo dela até a casa do rapaz.
Quando entrou e viu que ele havia sentado no sofá, mandou:
- Eu não vim aqui pra assistir televisão!
Ele ficou meio encabulado com a objetividade da garota e perguntou se ela queria beber alguma coisa.
Ela cogitou Whisky, porque tinha visto uma caixa sobre o aparador, mas logo descartou a possibilidade, queria impressionar e não poderia abraçar-se à uma garrafa e esquecer do mundo. Então, aceitou a dose de Rum, que era uma de sua bebidas favoritas.
Quando saíram da cozinha novamente em direção à sala, pediu para quem ouvissem música. Estava tentando compor o clima: meia luz, bebidas e música boa. Era o enredo perfeito de uma boa transa.
Ela, antes mesmo do primeiro beijo, já estava excitada com a situação. Era um tesão reprimido de anos, um gozo contido e uma curiosidade de saber se ele eram, enfim, tudo aquilo que suas projeções mentais – principalmente durante as masturbações – condiziam à realidade.
Ele a beijou. Na cabeça dela, o primeiro beijo sempre é estranho. Nunca gostou de primeiros beijos. Assim como também preferia as segundas transas.
De imediato a puxou para o quarto e a jogou na cama. Alguns beijos e carícias seguiram, até que começaram a se despir.
Ele vestia cueca box preta. Ela um conjunto cor de rosa que havia comprado especialmente para a ocasião. Comprou rosa porque tinha a teoria das cores: a cor está diretamente relacionada ao desempenho sexual. Rosa era um tom “neutro”. Assim, ele a esperaria dentro da média e, quem sabe, ela poderia o surpreender.
O momento era de expectativa, pelo menos para ela, até ver o pau. O pau sempre foi algo muito importante, principalmente para quem era uma grande admiradora do membro. Sempre preferiu os caras mais brancos, pela cor arroseada da cabeça. Além disso, tinha a questão do tamanho – que apesar de muitas pessoas dizerem não – que é fundamental.
Em conversas, há tempos, com as amigas, criaram o conceito de “pau bom” e o dele se encaixava nos requisitos. Apesar de ser um pouco para a esquerda – e ela pensar que tinha relação com a mão com a qual ele batia punheta –, era um pinto que não tinha coro nem demais – o que é feio –, nem de menos – o que dificulta a masturbação por terceiros –, além de ter uma grossura gostosa – nem fino demais, que não daria pra sentir grandes coisas, nem grande demais, que daria para sentir até dor – e o cumprimento estava dentro da média dos demais pintos que já havia conhecido na vida. Então, tava ótimo.
O primeiro sexo foi bom. Nada comparado ao segundo, claro! Mas ambos gozaram.
Depois de ambos estarem nus, e excitados, ela desceu até o pau para chupar. Adorava chupar, porque sentia tesão em chupar. Ao término, sua boceta sempre estava mais molhada que o pau babado. Enquanto chupava, alternava movimentos, ora chupando a cabeça, ora enfiando o pinto na boca até a base.
Ele era um pouco silencioso, o que a incomodava, por não saber se estava ou não agradando. Ela, na verdade, também o era. Toda a vida morou em apartamentos baratos, com paredes de papel, e nunca pode se manifestar. Foi condicionada ao prazer contido, exprimido apenas em suspiros e gemidos baixos.
Após o boquete, ele se levantou e pegou a camisinha. Deitou-a na cama e subiu sobre ela, que colocou os joelhos ao lado das orelhas – sim, ela era bastante flexível! – e a penetrou, vestindo uma camisinha com cheiro de morango. Meteram naquela posição alguns minutos. Ele nem poderia imaginar, mas essa era a posição em que ela gozava mais rápido. Não demorou muito e ele também gozou, em silêncio, absoluto silêncio.
Depois do sexo, ele demonstrou-se, de certa, forma carinhoso, quando se ajeitou de maneira que ela pudesse se deitar sobre seu peito. Toda arredia, não sabia o que fazer. Primeiro porque tinha uma imagem mais animalesca dele e também porque não era do feitio dela, quando de sexos casuais, fazer aquele momento romance pós-coito, ainda mais agora, que tinha assimilado que havia gostado do sexo e da atitude dele em relação a ela.
Conversaram um pouco e durante a conversa ela lembrava de uma frase, a única talvez, que ele disse durante o sexo: “eu sei que é feio dizer, mas você é gostosa pra caralho!” Porra! O piá – ela sempre chamava os garotos, até os mais passadinhos, de piá – tinha curtido e, mais, a respeitou, mesmo sendo um sexo casual.
Estava admirada com o posicionamento do rapaz. Normalmente, nesse tipo de encontro os caras só querem foder mesmo, enfiar o pau no cu, gozar sem se preocupar com a garota. E ele, ele havia pensado, nem que fosse minimante, nela. Ela gostou disso e desgostou por gostar.
Em pouco tempo estavam metendo pela segunda vez. Ela adorava isso: caras que gozam, tomam um fôlego, e continuam transando. Dessa vez ela ficou em pé, debruçada sobre a cama. Estava com muito, muito tesão. Já tinha se imaginado naquela posição, dando para ele, inúmeras vezes e agora era muito melhor do que ela poderia ter imaginado. Ela riu, e gozou mais uma vez. Alternaram algumas vezes a posição, até que ele também gozou.
Um pouco mais de conversa. Uma meia hora talvez, e ela ainda queria mais. Ele disse que não seria possível, porque havia acabado a camisinha. Ela não engoliu muito a história – porque normalmente num pacote CE camisinha vem três – e achou mesmo é que ele não agüentava uma terceira. Ela também estava cansada, mas sempre gostou de mostrar aos homens o quanto gostava de sexo. Homem sempre gosta de mulher que gosta de sexo.
Já era umas 04 da manhã quando foi embora da casa dele, que disse que quando retornasse à cidade – estava trabalhando fora – ligaria para ela, que não acreditou muito que isso iria acontecer, mas desejou, sinceramente, que ele assim o fizesse.
Chegando em casa, num delírio pré-dormir, desejou, mais uma vez, que ele ligasse e dormiu, acordando atrasada no dia seguinte.
Depois do almoço, como ainda tinha um tempo até voltar para a escola – só tinha a partir da segunda aula – decidiu passar em casa para dar uma dormidinha e, novamente, se odiou por pensar nele. E agora, desse dia pra cá, e enquanto a ligação não vem – se virá – ela odeia os prés-dormir, por sempre pensar nele no entremeio da realidade e do sonho.